Por Guilherme Levorato
A Operação Overclean, conduzida pela Polícia Federal, desvendou um sofisticado esquema de corrupção, lavagem de dinheiro e desvio de recursos públicos que se estendia por diversas regiões do Brasil. Documentos obtidos durante a operação trouxeram à tona tabelas detalhadas de propinas, mostrando a organização meticulosa de pagamentos ilícitos destinados a manter um ciclo contínuo de fraudes em contratos públicos, relata Mirelle Pinheiro, do Metrópoles.
Esses registros eram usados para distribuir pagamentos regulares, conhecidos como “mesadas”, a servidores públicos, políticos e intermediários do esquema. As quantias garantiam o direcionamento de licitações fraudulentas e a lealdade de agentes envolvidos no esquema, assegurando o fluxo ininterrupto de recursos ilícitos.
A lógica das mesadas – As investigações mostraram que os pagamentos seguiam um planejamento financeiro meticuloso, variando conforme a influência ou posição do beneficiário na estrutura criminosa. Planilhas informais de contabilidade registravam os valores pagos, datas de repasses e codinomes dos destinatários, com o objetivo de mascarar os verdadeiros envolvidos.
Entre as práticas identificadas, destacaram-se pagamentos regulares e variados, planilhas codificadas e diversificação de métodos de pagamento.
Beneficiários do esquema – O grupo criminoso contava com uma rede extensa de beneficiários. Alguns dos principais nomes destacados nas investigações foram:
- Rogério Magno Almeida Medeiros: policial federal, recebia uma mesada fixa de R$ 6 mil para facilitar o direcionamento de contratos.
- Lucas Moreira Martins Dias: ligado ao município de Vitória da Conquista e à empresa Larclean Saúde Ambiental, acumulou R$ 271 mil em propinas.
- Lara Betânia Lélis Oliveira: registrou pagamentos entre R$ 10 mil e R$ 15 mil em diversas ocasiões em 2022.
- Carlos André de Brito Coelho: foi identificado como um dos maiores beneficiários, com pagamentos que totalizaram R$ 1,7 milhão.
O papel das tabelas de propina – As tabelas funcionavam como verdadeiros instrumentos de gestão do esquema, garantindo que cada integrante recebesse sua parcela do montante desviado. Os registros detalhavam os valores e datas, com muitas transações coincidindo com repasses contratuais fraudulentos assinados por prefeituras e outros órgãos públicos.
Esse controle minucioso assegurava a continuidade dos esquemas e minimizava o risco de conflitos entre os envolvidos. Além disso, a proximidade dos pagamentos com a liberação de recursos públicos sugere uma coordenação precisa entre as diferentes etapas do esquema.
Redação com Brasil 247
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