O suposto esquema de espionagem ilegal na Agência Brasileira de Inteligência (Abin) durante a gestão de Jair Bolsonaro (PL) atingiu dois dos principais líderes políticos de Alagoas, o atual presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e o senador Renan Calheiros (MDB-AL). Ambos estavam entre os alvos de monitoramento, apesar de estarem em lados opostos do espectro político.
Arthur Lira era aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro e foi um dos alvos do monitoramento clandestino realizado pela Abin. As investigações revelaram que ele foi mencionado em conversas entre os investigados Giancarlo Gomes Rodrigues e Marcelo Bormevet, que indicaram que ações delituosas já haviam sido realizadas em relação ao presidente da Câmara e a “pessoa do Renan”. No entanto, os diálogos não especificam o período exato ou as motivações para o monitoramento ilegal de Lira.
Renan Calheiros, adversário de ‘carteirinha’ de Bolsonaro e Lira, também foi alvo da espionagem ilegal. O senador repudiou o uso criminoso de estruturas do Estado para a espionagem. “Como democrata, lamento e repudio que estruturas do Estado tenham sido criminosamente capturadas para atuar como polícias políticas, com métodos da Gestapo, um pântano repugnante e sem fim”, afirmou Renan em uma publicação no X (antigo Twitter). Calheiros também expressou sua confiança nas instituições, na apuração, denúncia e julgamento dos culpados.
Operação Última Milha
Nesta quinta-feira (11), a Polícia Federal cumpriu cinco mandados de prisão preventiva e sete de busca e apreensão em uma nova fase da operação Última Milha. Desde 2023, a operação investiga o uso ilegal de sistemas da Abin para espionar autoridades e desafetos políticos durante o governo Bolsonaro. As investigações, fortalecidas por dados encontrados em celulares de ex-integrantes do órgão, revelaram que o monitoramento ilegal visava “explodir” adversários políticos.
Além de Arthur Lira e Renan Calheiros, a lista de supostas vítimas da espionagem ilegal inclui o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia, ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) como Alexandre de Moraes, Roberto Barroso, Dias Toffoli e Luiz Fux, e diversos jornalistas e advogados.
A investigação da PF mostrou diálogos que indicam possíveis ações clandestinas contra ministros do STF. Essas ações visavam questionar a credibilidade do sistema eleitoral. Os mandados de prisão e busca foram cumpridos em cinco estados e no Distrito Federal.
Os monitorados
Conforme as investigações da Polícia Federal, foram monitoradas as seguintes autoridades, servidores e jornalistas:
– Poder Judiciário: Ministros do STF Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Luís Roberto Barroso e Luiz Fux.
– Poder Legislativo: Arthur Lira, Kim Kataguiri, Rodrigo Maia, Joice Hasselmann, Alessandro Vieira, Omar Aziz, Renan Calheiros e Randolfe Rodrigues.
– Poder Executivo: João Doria e servidores do Ibama e da Receita Federal.
– Jornalistas: Monica Bergamo, Vera Magalhães, Luiza Alves Bandeira e Pedro Cesar Batista.
Redação com Blog de Edivaldo Junior