Essas são ótimas perguntas a se fazer dentro do tópico “julgamento”, especialmente em uma geração tão grande de cancelamento e exposição nas redes sociais.
Por qual motivo nos sentimos autorizados e capacitados para fazer qualquer juízo de valor em cima da vida dos outros? Que sentimento ou necessidade é essa que parece tomar conta da nossa mente o tempo todo?
Todo mundo já julgou, seja uma pessoa com uma roupa estranha na rua, um comentário inconveniente no almoço de família ou uma postagem aleatória nas redes sociais.
O julgamento vive dentro de nós mesmos e até se potencializa, quando nos juntamos com outras pessoas para avaliar gostos, atitudes e pensamentos alheios.
Observar esse fenômeno é muito interessante e, pensando nisso, nós vamos te trazer alguns questionamentos e ideias sobre a prática de julgar os outros.
O que significa julgar as pessoas?
Julgar as pessoas, antes de mais nada, é um grande hábito que muitas, senão todas, pessoas fazem diariamente.
Opinar sobre uma roupa, um estilo, um argumento, uma foto ou até outra opinião são clássicos julgamentos que podemos observar em qualquer lugar, por exemplo.
Sendo assim, julgar algo ou alguém é dar uma impressão, fazer um juízo de valor em cima de uma situação.
Sabendo disso, você deve estar se perguntando: julgar algo ou alguém baseado em quê?
A resposta pode não ser muito satisfatória, mas é real: baseado em absolutamente qualquer coisa.
As pessoas julgam e ponto. Suas justificativas podem ser as mais aleatórias possíveis, sabe por quê? Essa atividade ou mania diz muito mais sobre quem a pratica, do que sobre quem é, realmente, julgado.
A gente vive em um mundo que não está nem um pouco livre do julgamento, afinal estamos constantemente nos expondo e colocando à prova nossa imagem e decisões da forma mais aberta possível.
Isso deveria ser um passe-livre para o julgamento? De forma alguma! Mas sabemos que na prática, não é exatamente assim que acontece.
O julgamento acontece por inúmeras razões e dificilmente ele virá com a liberdade dada pelas pessoas, mas sim pela vontade de exceder os limites das outras.
Nós sabemos que, nem sempre, o julgamento surge com uma ideia negativa ou um objetivo destrutivo, mas é o que acaba acontecendo naturalmente.
E isso pode acontecer por inúmeros motivos!
Porque a gente julga?
Pensando de maneira mais direta, podemos concluir que as pessoas julgam simplesmente por carregarem, desde o nascimento, uma mesma perspectiva sobre a vida.
Um olhar pessoal, com experiências únicas, traumas, medos, prioridades e opiniões diferentes são o que formam a nossa mente e, automaticamente, o jeito que vemos o mundo.
Lidar com o fato de que esse é um evento exclusivo para cada pessoa e que, por essa razão, elas irão agir de formas diferentes da nossa expectativa, é muito difícil.
Então, sim, o julgamento também surge a partir de um bloqueio que desenvolvemos em respeitar as diferenças de contexto de vida e até emocional.
Por que você acha que muitas pessoas brigam tanto em redes sociais por “exporem” opiniões diversas?
Pensamentos diferentes surgem de realidades e vidas diversas. Colocar isso em contraste é uma comparação desleal.
Por isso, também, assuntos como religião, sexualidade, política ou tudo que engloba a nossa sociedade como um todo podem ser grandes fontes para julgar as pessoas.
Afinal, são pontos que falam sobre a vivência e individualidade de cada uma delas, um espaço onde não deveria caber julgamento.
Se você já buscou conversar com alguém sobre isso, certamente já escutou a frase: “não julgue as pessoas” ou “é errado julgar as pessoas”, certo?
Não é como se já não soubéssemos o porquê de essa prática ser tão tóxica para todos os lados. Mas, de qualquer forma, se ainda resta alguma dúvida, a gente te conta quais são os grandes problemas disso.
Julgar as pessoas, além de tomar energia e ser um ato completamente injusto, é algo que demanda energia e, consequentemente, nos afasta das nossas próprias vivências.
Ficamos tão preocupados em falar mal do outro e das suas próprias verdades, que esquecemos do nosso contexto de vida e daquilo que deveria receber, de fato, a nossa atenção.
Não é à toa que muito do que julgamos na vida dos outros são projeções de coisas que só esquecemos ou tentamos ignorar na nossa própria vida.
É exatamente aí que mora o perigo!
Colocamos tanta energia ao julgar os outros, que podemos usar isso como um grande mecanismo de defesa para com as nossas próprias questões.
É interessante considerar essa “defesa”, já que não passa de uma enorme projeção das nossas ansiedades, inseguranças e medos.
Por essa razão, costumamos dizer que o julgamento diz muito mais sobre quem julga, do que sobre quem é julgado.
Certamente, isso não anula o tamanho do estrago e do desconforto que o ato de julgar as pessoas acabam trazendo.
O julgamento dá espaço para hostilidade e muitos comentários infelizes que causam um mal gigantesco às pessoas, mesmo que esse não seja o objetivo de quem pratica ele.
Daí também a necessidade de melhorarmos o nosso próprio filtro relacionado a críticas e apontamentos na vida do outro.
Qual a diferença entre julgar e falar a verdade?
A diferença entre julgar e falar a verdade mora naquilo que já citamos anteriormente: o contexto da situação.
Julgamos aquilo que, muitas vezes, nem conhecemos, não vemos na totalidade ou só acessamos uma parte.
Uma foto, uma atitude, um jeito de ser… Todas essas são pequenas partes de uma grande totalidade de coisas ou pessoas.
Agora, quando estamos discutindo sobre “falar a verdade”, estamos citando fatos, coisas que não podem ser discordantes ou separadas da realidade.
Falar a verdade é constatar o que já existe, uma coisa visível e que não abre para discussões. É um fato, um acontecimento.
No entanto, muitas pessoas passam a julgar alguém se escondendo atrás de uma “verdade”, dizendo que seu julgamento não deixa de ser uma realidade.
Nessas situações, o que acontece, na verdade, é uma distorção, afinal a pessoa imprime opiniões e define aquilo como um fato.
Isso é mais comum do que imaginamos e, talvez, seja esse o motivo de termos tantos conflitos pelo mundo da internet e fortes cenas de intolerância por aí.
Um grande exemplo é quando alguém se assume LGBTQIA+ na internet, por exemplo. Muitas pessoas se sentem no direito de opinar, julgando e falando que aquilo, na verdade, é errado.
Nesse caso, não existe certo ou errado. A sexualidade da pessoa é um fato e um recorte da vida que pertence somente a ela e a mais ninguém. Comentar sobre isso de um jeito negativo é julgar e não “falar a verdade”.
Não existe espaço para opinião nesses momentos.
Porque não podemos julgar as pessoas?
Julgar as pessoas nos desconecta das coisas que realmente deveríamos focar: nós mesmos e nossa vida.
Sabe por quê?
Ficamos tão empenhados no que o outro faz e nos apresenta, que simplesmente perdemos tempo em cima disso.
Muitas vezes, fazemos essa ação sem perceber, até mesmo como forma de defesa pessoal, já que queremos nos afastar o máximo possível das questões emocionais.
Dessa forma, o julgamento se torna uma grande projeção nada saudável para nós mesmos, mas também para os outros.
Isso porque julgar as pessoas é invadir o espaço do outro, pois ultrapassa limites do respeito.
Nem sempre nos damos conta disso, mas é exatamente o que acaba acontecendo, já que formamos uma opinião e dividimos ela sem consentimento.
Essa é uma atividade que fragiliza e expõe as pessoas, além de ser um costume completamente tóxico para você mesmo.
Julgar os outros, ainda que como uma estratégia para fugir dos problemas, é se munir de tanta negatividade e peso no olhar, que automaticamente nos puxamos para baixo também.
Além disso, fugir dos nossos problemas para julgar as pessoas não é lá uma atitude muito saudável, porque é como varrer as suas próprias angústias para debaixo do tapete.
Uma hora, essas coisas voltam diretamente a você, de um jeito ou de outro, e não é de um modo tranquilo… É perigoso e pode causar muitas crises e descontroles emocionais.
O que fazer quando as pessoas te julgam?
Como já falamos anteriormente, todos estamos sujeitos ao julgamento, especialmente com a tamanha atividade dentro das redes sociais e espaços públicos.
A geração atual é uma das que mais lida frente a frente com o julgamento das pessoas, afinal estamos falando de um momento em que a “cultura do cancelamento” está mais viva do que nunca!
São realities, posts na internet, seriados, notícias e produtos da mídia que estão sempre mudando o nosso pensar e nos fazendo falar abertamente sobre as coisas.
Isso pode ser bom, por um lado, porque nos livramos de padrões e aparências esperadas, mas também pode ser um pesadelo, quando usamos como ferramenta para deixar os outros tristes ou atacados.
Há quem se esconda atrás do discurso de “liberdade de expressão” para ser agressivo e, em alguns casos, até criminoso nas situações. Por isso, é importante não alimentarmos o costume do julgamento, especialmente na internet.
Pensando nisso, se você já foi ou é constantemente vítima do julgamento alheio, separamos algumas dicas para que possa se sentir melhor e, talvez, possa até aprender mais com essa situação:
Entenda que não é sobre você:
Muitos que julgam por aí estão projetando, senão simplesmente jogando algo em você por motivações pessoais, ou seja, não se prenda à falas maldosas ou inconvenientes. Elas certamente refletem mais dos outros, do que de você!
Tente se blindar cuidando de si mesma:
Pode parecer que não, mas quando mantemos nossa autoestima no nível certo e a autoconfiança presente, os julgamentos alheios (e quase certos) não nos atingem tanto, ao contrário, seus efeitos são bem menores.
Diálogo é válido, mas poupe a sua energia:
É sempre bom falar como você se sente para os outros, mas nem sempre as pessoas são receptivas com isso. Então, saiba a hora de falar sobre seus sentimentos e se realmente será um diálogo produtivo.
Busque ajuda
Julgar as pessoas é algo que gera grandes desconfortos emocionais e, muitas vezes, lidar com eles sozinho pode ser um grande desafio.
Pensando nisso, não tenha medo ou vergonha de buscar um profissional da saúde mental para te ajudar a lidar com essa situação.
O julgamento dos outros sempre reflete no nosso julgamento próprio, é como se o nosso olhar se moldasse a partir da fala dos outros e isso não é nem um pouco saudável.
Esse é um comportamento tóxico tanto para você, quanto para aqueles que andam ao seu redor e ter alguém que te ajuda a desenrolar isso pode ser muito bom.
Como parar de julgar os outros?
Parar de julgar as pessoas pode ser outro grande desafio, especialmente quando você usa disso para fugir dos seus próprios problemas.
Esse hábito te destrói lentamente, além de abalar suas relações conforme o tempo também.
Sabendo disso, você deve estar se perguntando: como podemos fugir de vez desse comportamento?
Todo e qualquer costume como esse exige que a gente revisite várias partes nossas, muitas até pessoais, o que pode e deve ser feito com o acompanhamento psicológico.
Sabe por quê?
Um psicólogo pode potencializar essa experiência, fazendo com que você entenda mais sobre seus próprios sentimentos e emoções. Isso torna seu autoconhecimento muito mais potencializado e proveitoso.
É claro, se trata de um grande processo, até porque a gente não consegue parar de julgar os outros da noite para o dia. No entanto, com o empurrãozinho certo, conseguimos isso e muito mais.
A terapia melhora suas relações, mas principalmente o jeito que você se vê!
As vantagens são infindáveis, mas agora é a sua vez: sente que julga muitas pessoas todos os dias? Ou é julgado pelos demais e nunca sabe como lidar com isso?
Aqui, na Psicotér, contamos com um grupo de psicólogas que sabe exatamente como te ajudar, potencializando sua compreensão interna e expandindo suas perspectivas!
*Redação com Psicoter
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