Anadia/AL

1 de dezembro de 2024

Anadia/AL, 1 de dezembro de 2024

Polícia investiga mandante de assassinatos de chefões do PCC na cadeia

Acusados de integrar célula de elite do PCC, Nefo e Rê foram mortos com mais de 100 punhaladas dentro da P2 de Presidente Venceslau (SP).

ABN - Alagoas Brasil Noticias

Em 7 de julho de 2024

Brasil

Janeferson Aparecido Mariano Gomes, o Nefo, e Reginaldo Oliveira de Sousa, o Rê - Montagem/Reprodução - Metrópoles

Por Felipe Resk

A Polícia Civil paulista investiga quem mandou matar os chefões do Primeiro Comando da Capital (PCC) Janeferson Aparecido Mariano Gomes, o Nefo, e Reginaldo Oliveira de Sousa, o Rê, ambos de 48 anos, que foram brutalmente assassinados com mais de 100 punhaladas dentro da cadeia.

Nefo e Rê estavam detidos na Penitenciária 2 de Presidente Venceslau, no interior paulista, conhecida por abrigar lideranças do PCC, na tarde de 17 de junho. Eles eram acusados de integrar uma célula de elite da facção criminosa, responsável por planejar o atentado contra o senador Sergio Moro (União-PR) e a família dele.

Flagrados por câmeras de segurança (veja acima), quatro presos foram denunciados pelos homicídios, mas negam participação nos crimes. Em comum, os suspeitos pelos assassinatos apresentam péssimo comportamento carcerário e já tinham histórico de envolvimento em mortes em presídio.

Para os investigadores, os acusados, na verdade, estariam cumprindo ordem de outros criminosos. O nome do suposto mandante ainda é desconhecido da Polícia Civil.

Uma das suspeitas é que Nego e Rê tenham sido executados, a mando da própria facção, porque o plano contra Moro falhou. Segundo uma agente penitenciário, um dos presos envolvidos nas mortes também teria dito que os chefões do PCC haviam “falado demais”. Em depoimento formal, nenhum deles confirmou a versão.

Quem são os acusados

O Ministério Público de São Paulo (MPSP) denunciou os presos Luis Fernando Baron Versalli, o Barão, de 53 anos, Ronaldo Arquimedes Marinho, o Saponga, 53; Jaime Paulino de Oliveira, o Japonês, 47, e Elidan Silva Ceu, o Taliban, 45.

De acordo com a perícia, os chefões da facção foram vítimas de esgorjamento (corte na parte da frente do pescoço), sofreram dezenas de outras perfurações, principalmente na região do abdômen, e morreram de hemorragia. Em Rê, o médico legista encontrou 57 lesões. Já em Nefo, foram ao menos 44 perfurações.

Os crimes foram cometidos com um canivete e um punhal artesanal, apreendidos pela Polícia Civil. Para esclarecer a dinâmica do crime, os agentes assistiram a imagens do circuito de segurança da cadeia. As câmeras analisadas ficam instaladas na porta de um banheiro e no pátio do pavilhão 1.
Correio da Bahia

Segundo o registro, as imagens mostram que Rê e os quatro indiciados entram no banheiro, que também é usado como “barbearia” pelos presos, na área do banho de sol. Pouco depois, só os suspeitos deixam o local.

Já o segundo vídeo mostra Barão, Saponga e Japonês se movimentando no pátio. Em dado momento, eles perseguem e atacam Nefo, enquanto Taliban permanece próximo da “gaiola” para evitar que a vítima consiga fugir.

Rê foi encontrado dentro do banheiro, de barriga para baixo, com diversos ferimentos e sinais de luta corporal. Por sua vez, o corpo de Nefo ficou estirado no pátio de sol.

Sintonia Restrita

Nefo e Rê eram acusados de fazer parte da Sintonia Restrita, célula de elite do PCC que monitora e planeja ataques contra autoridades do Brasil. Com treinamento de guerrilha e à frente de missões sigilosas e de alto risco, o grupo responde diretamente aos integrantes do mais alto escalão da facção.

Eles estavam presos desde a Operação Sequaz, deflagrada pela Polícia Federal (PF) em março de 2023, que desmantelou o plano contra Moro e a família do senador. O promotor Lincoln Gakiya, do MPSP, considerado referência no combate à facção criminosa, era outro alvo do bando.

Na investigação, Nefo foi apontado como coordenador da célula. Ele também tinha outras passagens por roubo, motim e cárcere privado.

Já Rê exercia cargo de liderança no PCC há mais de 20 anos, já foi acusado de coordenar o paiol da facção e de executar ataques contra policiais. Ao Metrópoles, o advogado Anderson dos Santos Domingues, que era responsável pela sua defesa, afirmou que o cliente não mencionou qualquer ameaça na P2 de Presidente Venceslau.

Redação com Metrópoles

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