O primeiro movimento não chega a surpreender. Como a reconstrução das regiões atingidas pela enchente será bancada por recursos federais e o governador gaúcho Eduardo Leite é parte do problema, por ter eliminado praticamente todas as normas de proteção ambiental no estado, é natural que o presidente Lula queira ter um “olheiro” no estado, coordenando as ações federais e as medidas de apoio às prefeituras atingidas. Na comunicação, o substituto de Pimenta, Laércio Portela, chega como interino, num movimento que indica continuidade das atuais políticas da Secom.
A troca na Petrobras, no entanto, é bem mais sensível. Em pouco mais de um ano de gestão, Prates conseguiu alterar a política comercial da Petrobras, conforme estava previsto nas promessas de campanha do presidente Lula, e, ainda assim, construiu uma relação positiva com os grandes investidores institucionais da estatal. O resultado foi a companhia ter alcançado seu recorde de valor de mercado, ultrapassando a cifra de R$ 560 bilhões. Ou seja: Prates conseguiu se equilibrar entre o governo e o mercado.
Sua demissão decorre, portanto, mais por problemas na relação com o presidente Lula e com o ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, do que propriamente por erros de gestão. Mas essa não será a leitura do mercado, que se comporta com instinto de manada. A primeira leitura será a de que a substituta de Prates, Magda Chambriard, ex-diretora-geral da Agência Nacional do Petróleo, chegará com a missão de reduzir preços e ampliar grandes investimentos – o que, diga-se de passagem, Prates já vinha fazendo.