Por Julinho Bittencourt
O verão no Brasil começa oficialmente neste domingo (21), às 12h03, e já chega com um alerta dos meteorologistas: a estação deverá ser mais quente do que a média histórica, enquanto as chuvas tendem a ficar abaixo do normal em grande parte do Brasil. A combinação favorece dias mais abafados e um padrão climático marcado pela irregularidade.
Diferentemente dos últimos anos, o verão 2025/2026 não será influenciado diretamente pelos fenômenos El Niño ou La Niña. O episódio de La Niña, que ainda teve impacto na primavera, deve perder força até o fim de janeiro, abrindo espaço para a neutralidade climática no Oceano Pacífico durante a maior parte da estação.
Com a ausência desses fenômenos globais, ganha protagonismo o sistema de Alta Pressão Subtropical do Atlântico Sul (ASAS). Esse grande sistema atmosférico, localizado entre o Brasil e a África, deve exercer influência mais intensa sobre o clima do país ao longo do verão, determinando o comportamento das temperaturas e das chuvas.
Quando se posiciona mais próximo do continente, como é esperado para esta estação, a ASAS atua como um bloqueio atmosférico. Por ser uma área de alta pressão, ela favorece ar mais seco, reduz a formação de nuvens e dificulta a organização de grandes áreas de instabilidade responsáveis por períodos prolongados de chuva. O resultado é a predominância de sol forte, menos chuva contínua e pancadas mal distribuídas.
Esse padrão favorece a ocorrência dos chamados veranicos, períodos de vários dias seguidos de calor acima do normal e pouca ou nenhuma precipitação. Em determinadas situações, especialmente no Sul do país e em áreas do Centro-Oeste, esses episódios podem evoluir para ondas de calor, com temperaturas elevadas persistentes.
Impactos regionais
Com a atuação mais intensa da ASAS, a tendência é de chuvas abaixo da média em grande parte do território nacional. Isso não significa ausência de precipitação, mas sim um regime mais irregular. Os meses de janeiro e fevereiro devem registrar temporais em todas as regiões, porém concentrados em áreas específicas e sem regularidade.
A irregularidade das chuvas deve ser mais evidente nas regiões Norte e Nordeste. A faixa litorânea entre o Pará e o Ceará, além de áreas do interior do Maranhão e do Piauí, tende a apresentar os maiores déficits de chuva ao longo do verão, com volumes acumulados bem abaixo do normal para a estação.
Por outro lado, algumas áreas podem escapar do cenário mais seco. O Sul do Brasil, partes do Sudeste — como o sul e leste de São Paulo, o Sul de Minas Gerais e o sul do Rio de Janeiro — além de estados da Região Norte como Rondônia, Acre, Amazonas, Roraima e o norte do Amapá, podem registrar chuvas próximas ou até acima da média.
No que diz respeito às temperaturas, o sinal é praticamente uniforme em todo o país. O verão 2025/2026 deve ser mais quente do que o normal na maior parte do Brasil. O Sul e a faixa de fronteira entre Mato Grosso do Sul e o Paraguai merecem atenção especial, por concentrarem maior risco de períodos prolongados de calor intenso.
Além do desconforto térmico, o cenário de calor persistente e chuvas irregulares tende a elevar o consumo de água e energia, justamente em um período em que a reposição hídrica pode ocorrer de forma desigual ao longo da estação.
C/ Revista Fórum

















