Por: Maylson Honorato
O senador Renan Calheiros (MDB) reagiu à declaração do conselheiro da Braskem João Paulo Nogueira Batista, que disse em uma rede social que “a dita tragédia de Maceió não existiu”, se referindo ao desastre causado pela mineração da petroquímica na capital alagoana. Por meio de nota, Calheiros afirma que o administrador zomba da cidade e das mais de 57 mil pessoas que tiveram que deixar suas casas, fazendo com que cinco bairros se tornassem áreas fantasmas.
A polêmica começou após João Paulo Nogueira Batista escrever em sua página no Linkedin que “A ação coordenada de todos e a liderança da Braskem evitaram a tragédia. Não perdemos uma vida!”. Nogueira Batista é CEO da Lojas Marisa e integrante do conselho de administração da petroquímica.
Para o senador Renan Calheiros, a afirmação beira o escarnecimento. “148 mil pessoas afetadas, 6 mil pequenas empresas fecharam, milhares ficaram adoecidas e pelo menos 17 (que temos notícia) cometeram suicídio ao serem arrancadas de suas casas”, listou o senador, em resposta ao administrador da Braskem. “Nogueira Batista, que mal pode falar pela empresa em que é CEO (a rede de varejo Marisa está mergulhada em uma severa crise) tenta engabelar milhões com a toada de uma Braskem ‘heroína’”, continua Calheiros.
O senador por Alagoas também diz que a afirmação se trata de um “deboche inaceitável” e que a postagem acaba escancarando que a petroquímica liderou acordos. “Uma óbvia admissão de que a empresa que causou o desastre, longe de ser responsabilizada, só foi coroada”.
Procurado, Nogueira disse à coluna Painel S.A., do jornal Folha de S. Paulo, que não teve a intenção de menosprezar os estragos causados pela empresa e que editaria a sua postagem no Linkedin.
Confira a nota do senador Renan Calheiros na íntegra:
Nota pública
Ao anunciar que “a dita tragédia de Maceió não existiu”, o conselheiro da Braskem, João Paulo Nogueira Batista só pode estar escarnecendo, zombando de toda uma cidade onde, graças à mineração criminosa da Braskem, 5 bairros foram afundados, destruídos e hoje são fantasmas. 55 mil pessoas foram expulsas, 148 mil afetadas, 6 mil pequenas empresas fecharam, milhares foram adoecidas e pelo menos 17 (que temos notícia) cometeram suicídio ao serem arrancadas de suas casas. Isso sem contar com os danos à mobilidade, meio-ambiente, habitação.
Um deboche inaceitável para o povo alagoano, mas não uma novidade. Nogueira só reproduz o cinismo da Braskem, escolhido como estratégia de publicidade e autopromoção para lucrar com o desastre socioambiental que causou e foi o maior do mundo em área urbana. Pior do que fracassar e não reconhecer a crise corporativa, é se orgulhar do desastre provocado!
Senador Renan Calheiros
*Redação com Gazeta web