Por Jornal Nacional
Em um único dia, Donald Trump dobrou tarifas, ameaçou e depois recuou na guerra comercial com o Canadá. O ritmo frenético da política econômica americana está provocando instabilidade em mercados do mundo todo.
A incerteza pode custar caro para a economia. Nesta terça-feira (11), Donald Trump completou 50 dias na presidência. Nesse período, anunciou a imposição de nove tarifas diferentes sobre importações, mas no meio do caminho mudou de ideia. Adiou e revogou a implementação de algumas taxas para o México e o Canadá.
A guerra comercial com os vizinhos teve um novo capítulo esta semana. Na segunda-feira (10), o governador da província canadense de Ontário anunciou taxas para o fornecimento de energia elétrica que é exportada para alguns estados americanos. Em resposta, Trump decidiu nesta terça-feira (11) de manhã dobrar para 50% as tarifas sobre o aço e o alumínio do Canadá – que começam a valer nesta quarta-feira (12).
Depois disso, o governador de Ontário, Doug Ford, suspendeu a sobretaxa. No meio da tarde, o governo americano voltou atrás na decisão de dobrar as cobranças sobre metais canadenses. Com isso, as tarifas para o Canadá serão iguais às para o restante do mundo: 25%.
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Ritmo frenético da política econômica americana provoca instabilidade em mercados do mundo todo — Foto: Jornal Nacional/ Reprodução
Essa falta de previsibilidade sobre a guerra das tarifas aumenta a desconfiança dos investidores. O economista Marcus Noland explica:
“Investimento é uma aposta no futuro. Então, se as regras do futuro são incertas ou pouco claras, as empresas não vão investir, e esse declínio no investimento desacelera a economia. Tanto as empresas quanto os consumidores estão desacelerando os investimentos devido a toda essa incerteza sobre a política econômica”.
Em uma entrevista que foi ao ar no domingo (9), Trump foi questionado sobre o impacto das tarifas e se espera uma recessão em 2025. O presidente americano não respondeu sim ou não. Trump afirmou:
“Eu odeio prever coisas assim. Há um período de transição porque o que estamos fazendo é muito grande, estamos trazendo riqueza de volta para a América. Isso é algo grande e leva um tempinho”.
A falta de um “não” enfático para afastar os rumores de recessão assustou os investidores. E o efeito em Wall Street – coração financeiro dos Estados Unidos – foi desastroso. No dia seguinte à entrevista, a Bolsa de Valores de Nova York teve o pior resultado do ano.
Nesta terça-feira (11), o dia começou turbulento na bolsa com a decisão de Trump de dobrar as tarifas sobre metais canadenses. O mercado até reagiu bem a outras notícias, como a decisão da Ucrânia de aceitar um cessar-fogo. Mas não foi suficiente para afastar as incertezas sobre as tarifas. Por isso, os principais índices, como o Dow Jones, fecharam em queda.
O presidente americano tentou acalmar os investidores. Durante a tarde, Trump foi questionado novamente sobre a possibilidade de recessão. Dessa vez, respondeu:
“Eu não vejo isso acontecendo de forma alguma. O país vai ter um boom”.
Também nesta terça-feira (11), o presidente se encontrou com um grupo de 100 líderes das maiores empresas americanas. Muitas perderam valor de mercado nos últimos dias e procuraram o presidente em busca de mais clareza sobre a política econômica que a Casa Branca pretende implementar.
Entre os convidados da Casa Branca, estava o bilionário Elon Musk, que comanda o Departamento de Eficiência Governamental, criado por Trump para enxugar os gastos públicos. Trump entrou em um carro da Tesla – a montadora de veículos elétricos de Musk. Um gesto simbólico em uma hora em que a empresa enfrenta um momento delicado
Na segunda-feira (10), a Tesla teve perdas de US$ 130 bilhões na bolsa. As ações da empresa desvalorizaram mais de 50% desde dezembro. Os investidores acreditam que o trabalho de Musk na Casa Branca esteja distraindo o bilionário e prejudicando a administração dos negócios.
Em entrevista, o empresário admitiu que está gerindo as suas empresas com grande dificuldade. Além disso, o apoio de Musk a partidos de extrema direita na Europa é apontado como uma das causas para o boicote de clientes aos produtos da Tesla. A venda de carros da empresa caiu 45% em janeiro em relação ao ano anterior, e algumas lojas da marca foram vandalizadas por manifestantes.
Fonte: G1
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