A ideia de organizar eleições na Ucrânia pode agradar Vladimir Putin. O presidente russo já havia indicado várias vezes que não pretendia discutir com o líder ucraniano Volodymyr Zelensky, alegando que o representante de Kiev, cujo mandato chegou ao fim em 2024, não seria legítimo para negociar a disputa entre os dois países. O pleito para eleger um novo chefe de Estado na Ucrânia não pode ser realizado em razão da lei marcial em vigor no país.
O cenário americano prevê primeiro um cessar-fogo, seguido de uma eleição presidencial e eleições parlamentares na Ucrânia e, só então, negociações de paz. A realização do pleito foi defendida pelo enviado especial de Donald Trump à Ucrânia e à Rússia, Keith Kellogg.
No entanto, a organização de eleições seria complexa em um país onde quase 20% do território é ocupado pelo exército russo, onde dezenas de milhares de pessoas servem no exército e outros milhões estão refugiados no exterior. Os observadores também apontam para o risco de divisões na sociedade ucraniana e para uma possível interferência de Moscou no pleito.
A proposta de uma possível eleição também é lançada em um momento de tensão extrema entre os dois países, dois dias após uma bomba atingir o prédio de uma escola em Soudja, na região russa de Kursk. O ataque de sábado (1°) causou a morte de pelo menos quatro pessoas e outras 80 tiveram que ser socorridas após a explosão do prédio que acolhia, naquele momento, principalmente idosos. Moscou culpa a Ucrânia, que, por sua vez, afirma ter provas de que o ataque foi de origem russa.
O exército ucraniano acredita que a Rússia sabia que a escola estava sendo usada como refúgio para pessoas vulneráveis que estavam em processo de evacuação para áreas mais seguras. “Eles destruíram o prédio mesmo com dezenas de civis dentro”, denunciou o presidente ucraniano Volodymyr Zelensky em uma mensagem postada na rede social X.
A força aérea ucraniana alega que um avião russo lançou uma “bomba aérea guiada” e publicou imagens mostrando a suposta trajetória de voo da bomba. Por sua vez, o Ministério da Defesa da Rússia acusa a Ucrânia de um “crime imperdoável” e de um “crime de guerra”, sem apresentar nenhuma prova.
Desde agosto passado, as tropas ucranianas estão ocupando parte da região fronteiriça de Kursk, onde está localizada Soudja. Moscou está tentando desalojá-las, mas para Kiev, manter esse território russo é de importância estratégica: ele permite que a linha de frente seja deslocada para fora da Ucrânia, enquanto a região também pode ser usada como moeda de troca pela parte do território ucraniano atualmente ocupada ilegalmente pela Rússia no caso de negociações de paz.
Fonte: RFI
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