Por: Daniel Silveira Cruz
Epstein foi acusado de ter abusado de mais de 250 meninas menores de idade e de operar uma rede de exploração sexual. O empresário morreu na prisão em 2019, em Nova York.
No último dia 7, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos divulgou um comunicado oficial dizendo que Epstein morreu por suicídio e que não havia nenhuma “lista de clientes” que o empresário usaria para chantagear personalidades.
A conclusão é contrária ao que diziam teorias conspiratórias espalhadas pelo próprio Trump, e endossada por seus apoiadores do movimento MAGA (Make America Great Again).
Agora que o parecer do Departamento de Justiça desmentiu as teorias conspiratórias, parte dos apoiadores do presidente Donald Trump está se voltando contra o presidente americano e o vice-diretor do FBI, o ex-agente do serviço secreto e comentarista de direita, Dan Bongino.
Em fevereiro, a procuradora-geral Pam Bondi, em entrevista, chegou a afirmar que uma lista de clientes estava em sua “mesa para ser revisada”.
Feitiço contra o feiticeiro
Donald Trump e Jeffrey Epstein tiveram uma relação social próxima nos anos 1990 e início dos 2000, frequentando os mesmos círculos de luxo em Palm Beach e Nova York. Os dois foram vistos juntos em diversas ocasiões, incluindo festas em Mar-a-Lago.
Trump tentou distanciar sua imagem da de Epstein após a prisão do financista. Nos últimos anos, ele e seus aliados se tornaram incentivadores das teorias em torno do caso, com sugestões – sem provas – de que o financista teria sido assassinado para proteger figuras poderosas.
Trump prometeu divulgar documentos confidenciais sobre Epstein, caso fosse reeleito, alimentando expectativas entre apoiadores e propagando a crença de que a verdade estava sendo escondida.
“É muito interessante, não é?”, disse Trump, acrescentando que provavelmente essa lista será divulgada, e que ele “não teria problema com isso”.
Base ‘MAGA’ frustrada
A frustração tomou conta da base trumpista depois que o Departamento de Justiça anunciou que Epstein se suicidou e que não havia “lista de clientes” criminalmente relevante.
Rapidamente, influenciadores do movimento MAGA começaram a acusar o próprio governo de acobertamento.
A ativista conservadora Laura Loomer afirmou, em suas redes sociais, que o comunicado era parte de uma operação para proteger poderosos e cobrou renúncias de integrantes do governo.
Steve Bannon, ex-estrategista de Trump, foi além e disse, em seu programa, que o caso mostra uma traição à base conservadora e à transparência prometida.
As redes sociais de Trump estão cheias de comentários de pessoas que se identificam como MAGA exigindo a revelação da verdade sobre o caso.
O resultado é uma crise de confiança inédita, em que parte da base que se alimentou durante anos de suspeitas promovidas pelo próprio Trump, agora volta sua desconfiança contra ele, acusando o governo de fazer exatamente o que denunciou: esconder informações e proteger elites.
O que é MAGA (Make America Great Again)?
Originalmente usado pelo ex-presidente Ronald Reagan, esse slogan tornou-se amplamente utilizado por republicanos e apoiadores de Donald Trump na campanha de 2016, e retornou como sigla em estampas de boné e camisetas, que se destacaram nos comícios do republicano em 2024.
Frequentemente repetida pelo republicano, a frase evoca a nostalgia de um passado dos Estados Unidos, que seria considerado mais próspero, com uma identidade nacional cristalizada, sem o impacto de discussões sobre temas como imigração ou justiça social.
Redação com Gazeta web
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