Por: Manuella Soares
“Isso é de grande importância porque partiu de um projeto de pesquisa da Universidade. A gente faz muita pesquisa e às vezes não tem a aplicação direta, então é particularmente importante para a gente poder buscar soluções para muitos problemas que há no meio rural”, comentou o professor Elton Lima, sobre o produto feito a partir da dissertação de Hélio Barbosa, orientada por ele e pelo professor Eduardo Lucena.
A comemoração pelo registro do Inpi veio coroar o real motivo do fazer ciência para os autores da Patente: “A gente foca na questão social e ambiental, ou seja, o uso do próprio biossistema, já traz benefícios ambientais que não são facilmente mensuráveis”.
Elton reforça essa reflexão contando que o produto já é utilizado no setor de suinocultura do Campus Ceca para degradar dejetos de animais e pode mudar a vida de pequenos produtores. A proposta é um sistema completo que tem como base o biodigestor e contribui para um manejo adequado de matéria orgânica, resultando em energia limpa e fertilizantes naturais.
Simplicidade e eficiência
A patente foi concedida pelos aspectos construtivos e disposição da biossistema. O professor Elton explica que a maioria dos biodigestores, que são câmeras fechadas, com ausência de oxigênio, possui concepções construtivas e operacionais complexas, onerando a aplicação. Já o criado na Ufal se diferencia por ser simples e de baixo custo, planejado para o uso em pequenas propriedades rurais ou pequenas agroindústrias.
Caixa de PVC, manilha de concreto e tubulação estão entre os materiais utilizados para o tratamento de dejetos líquidos e geração de produtos com valor agregado, no caso, biogás e biofertilizante.
“O biodigestor vai servir para a degradação de qualquer matéria orgânica, resíduos orgânicos, dejetos de animais. O gás metano que é produzido vai ser utilizado para a geração de energia e ainda sobra também um resíduo que é o biofertilizante para plantações”, detalhou.
Com baixo custo operacional, o sistema não necessita de mão de obra especializada e procura a autossuficiência energética fazendo uso de tecnologias simples. A inovação criada no Ceca reduz os custos de energia elétrica, gás liquefeito de petróleo e fertilizantes, além do impacto social, fixando o homem do campo, oferecendo melhor qualidade de vida.
Reconhecimento
O professor Elton destaca o empenho e a colaboração da Pró-reitoria de Pós-graduação e Pesquisa (Propep), por meio do Núcleo de Inovação Tecnológica da Ufal (NIT), coordenado pela professora Silva Uchoa, no processo de outorga da patente. O reitor Josealdo Tonholo também deu sua contribuição enquanto pesquisador no trabalho submetido ao Inpi.
“Estar na lista entre as universidades federais brasileiras que mais geram inovações e número de patentes é ainda mais do que somente o número, é o quanto está impactando na vida das pessoas. E ao se fazer presente na vida das pessoas, na sociedade, buscando soluções, eu, como pesquisador, e todo o grupo, só agradecemos as oportunidades”, disse Elton.
Os autores da patente pretendem agora intensificar a divulgação para que o conhecimento chegue onde precisa, especialmente nas prefeituras e associações rurais. De acordo com Elton, as pesquisas não param e a intenção é otimizar ao máximo o processo de produção do sistema.
*Redação com Tribuna Hoje