Por Ivan Longo
A retaliação comercial imposta pelo governo de Donald Trump contra o Brasil mostrou, em agosto, que o tiro saiu pela culatra. Apesar do tarifaço ter reduzido em 18,5% as exportações brasileiras para os Estados Unidos, o Brasil encerrou o mês com superávit expressivo de US$ 6,133 bilhões na balança comercial. O resultado foi impulsionado, sobretudo, pelo crescimento das vendas para a China, que avançaram 29,9% no período.
De acordo com os dados divulgados nesta quinta-feira (4) pelo Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços (MDIC), as exportações brasileiras somaram US$ 29,861 bilhões em agosto, enquanto as importações ficaram em US$ 23,728 bilhões. Com isso, a corrente de comércio atingiu US$ 53,589 bilhões. No acumulado de janeiro a agosto, o saldo positivo chega a US$ 42,812 bilhões, com exportações recordes de US$ 227,6 bilhões.
China em alta, EUA em queda
Os números revelam um movimento claro: a tentativa de Trump de sufocar o comércio brasileiro acabou fortalecendo a aproximação do Brasil com outros parceiros estratégicos. Somente no mês, as vendas para China, Hong Kong e Macau totalizaram US$ 9,60 bilhões, contra importações de US$ 5,54 bilhões, resultando em um superávit bilateral de US$ 4,06 bilhões.
Enquanto isso, as exportações para os EUA despencaram. Produtos que tradicionalmente ocupavam espaço no mercado norte-americano, como aeronaves, açúcar e carne bovina, registraram quedas que variam de 46% a quase 90%. O caso mais simbólico foi o minério de ferro: não houve embarque algum para os Estados Unidos em agosto.
Na avaliação do diretor de Estatísticas e Estudos de Comércio Exterior do MDIC, Herlon Brandão, parte da retração decorre da antecipação de vendas em julho, quando exportadores brasileiros buscaram driblar o impacto do tarifaço anunciado pelo republicano. “Houve uma corrida antes da entrada em vigor das tarifas, que gerou crescimento naquele mês e queda agora em agosto”, explicou.
Diversificação e fortalecimento do Brasil
Ainda assim, o governo Lula comemora os números. Além da recuperação da agropecuária e da indústria extrativa, o Brasil consolidou superávits com parceiros relevantes como China, Índia, Argentina e México. O contraste é evidente: enquanto Trump aposta em medidas unilaterais e punitivas, o Brasil se fortalece na lógica da diversificação comercial e do multilateralismo.
Em vez de isolar o país, como pretendia a Casa Branca, o tarifaço norte-americano acabou acelerando um movimento já em curso: a consolidação do Brasil como um fornecedor estratégico de alimentos, energia e matérias-primas para mercados em expansão.
Redação com Revista Fórum
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