Anadia/AL

24 de junho de 2025

Anadia/AL, 24 de junho de 2025

Viciado em BNDES: Rei do Ovo pegou 71 empréstimos com total de R$ 132 milhões

O empresário Ricardo Faria afirmou que está difícil contratar no Brasil, pois os pobres estão “viciados” no Bolsa Família

ABN - Alagoas Brasil Noticias

Em 24 de junho de 2025

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Foto: Zanone Fraissat / Folha Press

Por: Julinho Bittencourt

O empresário Ricardo Faria, apelidado de “Rei do Ovo”, construiu seu império com forte apoio de recursos públicos. Segundo levantamento da coluna Tácio Lorran, no Metrópoles, entre 2007 e 2024, o bilionário obteve ao menos 71 empréstimos do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), totalizando cerca de R$ 132 milhões em valores atualizados, segundo levantamento feito no portal da própria estatal.

Dono da Granja Faria, considerada a maior produtora de ovos comerciais, férteis e pintos do país, Faria voltou aos holofotes na última semana após uma declaração polêmica. Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, afirmou que os pobres estão “viciados no Bolsa Família”, sugerindo que o programa social seria um entrave para a contratação de mão de obra.

— Está um desastre no Brasil — afirmou o empresário. — As pessoas estão viciadas no Bolsa Família. Não temos nem a chance de trazer essas pessoas para treinar e conseguir uma vida melhor, porque elas estão presas no programa — completou.

A fala gerou críticas nas redes sociais e entre especialistas, especialmente pelo fato de o próprio empresário ter recorrido intensamente ao financiamento público para expandir seus negócios. Embora costume enaltecer seu espírito empreendedor, Faria raramente menciona o apoio do Estado na construção de sua fortuna.

Império financiado pelo Estado

Fundada em 2006, a Granja Faria obteve 29 empréstimos junto ao BNDES, totalizando R$ 54,5 milhões. Mas sua trajetória empresarial começou bem antes. Aos 20 anos, Faria criou a Baslave, que depois se tornou a Lavebras Gestão de Têxteis, uma das maiores empresas de lavanderias industriais do país. Entre 2007 e 2017, a companhia contratou 39 financiamentos do BNDES, no valor de R$ 11 milhões.

A Lavebras foi vendida em 2017 por R$ 1,3 bilhão para o grupo francês Elis.

Em 2021, o empresário fundou ainda a Terrus SA, produtora de grãos na região conhecida como Matopiba (Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia). A empresa recebeu, já em 2022, três financiamentos públicos, que somaram R$ 66 milhões.

Grande parte dos contratos foi feita por meio do programa BNDES Finame, destinado ao financiamento de máquinas e equipamentos, com taxas de juros médias de 4,9%, abaixo das praticadas pelo mercado.

Contradições e críticas

A revelação do volume de recursos públicos usados por Ricardo Faria reacendeu o debate sobre os limites do discurso meritocrático de empresários que, apesar de dependerem de financiamento estatal para construir suas empresas, criticam programas de transferência de renda para populações de baixa renda.

O que diz o Rei do Ovo sobre o assunto

Ricardo Faria enviou uma nota à coluna de Tácio Lorran sobre os financiamentos. Leia abaixo:

“Com quase 30 anos de história, a Granja Faria SA e a Terrus SA se orgulham de gerar cerca de 4 mil empregos diretos no Brasil. A consolidação do grupo é resultado de muito trabalho e do investimento contínuo, sendo que os financiamentos utilizados para seu processo de expansão, por meio de aquisições, no período de 2008 a 2025, foram, em sua imensa maioria, provenientes de crédito privado.

Ao longo de todo esse período, é mínimo o volume de captação de recurso junto ao BNDES, representando menos de 1% do capital total. Portanto, é irrisória a utilização pelo grupo de recursos públicos frente ao montante obtido de crédito privado junto ao mercado.

Cabe destacar, inclusive, que a linha de crédito concedida à Terrus SA de R$ 58 milhões via Banco Santander, por meio de um programa do BNDES para aquisição de bens industrializados, foi realizada em 18 de outubro de 2022 e quitada em 15 de abril de 2023, em seis meses.

E foi um processo similar de contratação de empréstimo feito junto a um banco privado, que disponibilizou a linha de crédito do BNDES, a que se referem os outros R$ 36 milhões realizados pela Granja Faria SA. Todos em conformidade com os programas oferecidos.

Por fim, embora não seja majoritariamente utilizado, o BNDES tem o reconhecimento do grupo pelo cumprimento de importante papel no fomento do desenvolvimento nacional, servindo de apoio para diversos empreendedores brasileiros.”

Redação com Revista Forum

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