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Em julho do ano passado, Recife recebeu a primeira edição do Fórum Global Paz no Futebol- Violência e Racismo Dentro e Fora das Quatro Linhas. Evento que tinha como meta debater soluções para mitigar episódios de selvageria no esporte, principalmente os que envolviam torcidas organizadas.
Pouco mais de seis meses depois, as cenas de confusõe, agressões e depredações vistas antes do Clássico das Multidões entre Santa Cruz e Sport, no Arruda, pelo Campeonato Pernambucano, provam que o discutir o tema é uma necessidade ainda mais atual.
“Um direito”
“A dimensão esportiva é um direito. O futebol é um grande espaço de comunhão e as pessoas se organizam para participar do projeto coletivo que os times representam. A pior coisa do mundo, na perspectiva dos direitos humanos, é criminalizar o esporte ou o torcedor. É preciso separar quem interesse de torcer e quem interesse de vandalizar”, alertou o Coordenador da Cátedra Unesco Unicap Dom Helder Câmara de Direitos Humanos, Manoel Moraes
“Se as pessoas não vão aos estádios é porque se sentem inseguranças. Os clubes, junto ao Governo do Estado, secretarias de educação dos municípios e de Pernambuco, poderiam fazer um grande projeto de educação no esporte. Precisamos garantir o joio do trigo. O que aconteceu no clássico foi algo grave. A pessoa sair de casa e se organizar para tratar como inimigo outro torcedor. A solução passa pela educação. Imagina se isso for para outros pontos, como política? Teremos então uma guerra civil? Isso não dá”, completou.
A medida mais recente para tentar coibir a violência em Pernambuco foi a de proibir torcidas de Sport e Santa Cruz por cinco jogos. Moraes, porém, alerta.
“Não basta suspender: é preciso a gente pensar a longo prazo. Por que não chamar os jogadores, que são os ídolos, para fazer campanhas educativas? Tenho certeza que muitos topariam participar. Eles são influenciadores, líderes de massa. A sociedade está adoecida. Os clubes de futebol precisam ajudar em programas pela paz. A gente precisa trabalhar a educação. O esporte é um direito fundamental que está na Constituição”, apontou.
Dados
Segundo o relatório “Violências no Futebol Brasileiro”, realizado pelo Observatório Social do Futebol da UERJ (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), em 2023 foram registrados 158 casos de violência ligados ao futebol masculino profissional, dentre os quais 87% foram por agressão física.
Autor do livro “Para entender a violência no futebol” e doutor em sociologia dos esportes, Maurício Murad aborda possíveis gatilhos que podem influenciar no problema.
“O álcool é um fator potencializador. As drogas também, especialmente a maconha e a cocaína, que ajudam a turbinar os confrontos entre as gangues de delinquentes infiltradas nas torcidas organizadas. Além disso, cerca de 90% dos conflitos acontecem fora do estádio”, indicou, em entrevista passada à Folha de Pernambuco.
Redação com Folha de Pernambuco
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