Por: Tiago Minervino
Um homem que participavam de um “surubão” na Pedra do Arpoador, no Rio, relata cobrança de propina por parte de policiais militares para não ser preso por fazer sexo em público. Um vídeo da suposta abordagem circula nas redes sociais.
O que aconteceu
Vídeos que circulam nas redes sociais mostram um grupo com ao menos sete homens em um “surubão” no Arpoador sendo abordado por um policial militar, que teria cobrado propina. Nas imagens, é possível ver que o policial usa o uniforme tradicional dos agentes que trabalham fazendo a segurança nas praias cariocas. O UOL apurou que dois agentes fizeram a abordagem, mas na gravação é possível ver apenas um deles.
As imagens teriam sido gravadas durante o primeiro fim de semana de maio, quando o Rio estava cheio de turistas para o show de Lady Gaga em Copacabana. O UOL apurou que o episódio ocorreu por volta das 20h do domingo.
O agente usa uma lanterna e está armado. Quando ele aponta a lanterna em direção ao grupo, é possível ver ao menos sete rapazes —um deles está completamente nu. Os demais estão seminus com roupa de banho ou totalmente vestidos. Eles saem de diferentes pontos das pedras do Arpoador.
Um dos jovens mexe na carteira, enquanto o PM segura um celular. Outro rapaz parece fazer um Pix e, em seguida, mostra a tela do celular com o que seria o comprovante do pagamento ao agente. A pessoa que grava o vídeo diz que os policiais “só querem propina”. “É para isso que eles descem… Ó, mostrando o comprovante do Pix, contando dinheiro para pagar… Eles só botam medo para ganhar dinheiro”. Na sequência, testemunhas gritam “libera” para que os agentes deixem os homens irem embora.
Um jovem de 26 anos, que estava na cidade a passeio, diz ter pagado um valor em dinheiro para não ser preso. Ele, que preferiu não ser identificado, conta que se sentiu “humilhado”.
A gente estava lá se divertindo quando ele [o agente] chegou e mandou todo mundo se reunir. Depois ele pediu dinheiro para a gente não ser preso. Eu preferi dar o que eu tinha na hora [R$ 50] porque ser levado para a delegacia seria pior.
Indagada pelo UOL, a Polícia Militar do Rio disse que vai analisar as imagens para identificar os envolvidos e apurar se de fato os policiais teriam cobrado um valor para liberar os rapazes que aparecem no vídeo. A corporação disse que “não houve qualquer comunicação formal ou representação nesse sentido”.
Cobrança de propina é ‘prática comum’, segundo relatos
Pessoas envolvidas em sexo grupal em outras ocasiões dizem que a cobrança de propina por militares que flagram essas cenas em público no Rio é uma “prática comum” há vários anos. Um dos principais pontos para quem curte o sexo ao ar livre no Rio é o Aterro do Flamengo, também na zona sul carioca. Um rapaz diz que foi necessário o pagamento de um valor para que fosse liberado sem mais problemas. “O policial perguntou se tinha dinheiro, dei o que tinha na hora e ainda levei advertência.”
Outro diz que um casal de amigos foi levado em uma viatura até um caixa eletrônico para sacar dinheiro e dar aos PMs. “Isso é tão normal. Meu amigo e o peguete dele foram levados até um caixa 24h para sacar dinheiro.”
No começo do ano, dezenas de homens foram filmados “se pegando” em uma orgia no Arpoador. Pelo menos 30 pessoas teriam participado do ”surubão” que viralizou nas redes sociais. O caso foi investigado pela Polícia Civil do Rio. Segundo a polícia, a maioria dos participantes do ato eram turistas de outros estados ou países, o que dificultou a identificação dos suspeitos.
Praticar ato libidinoso em local público é crime, segundo o artigo 233 do Código Penal. A pena é de três meses a um ano de reclusão ou multa. Já o artigo 317 do Código Penal caracteriza a cobrança de propina por agentes públicos como corrupção passiva, com pena prevista de dois a 12 anos de reclusão e multa.
Points de pegação
A prática de sexo ao ar livre no Rio não é novidade para turistas, moradores e autoridades Os “points de pegação” mais conhecidos são justamente a Pedra do Arpoador, o Aterro do Flamengo, o parque Garota de Ipanema e a floresta da Tijuca.
Páginas virtuais dão dicas para quem curte esse tipo de atividade. Blogs “mapeiam” os melhores horários para frequentar esses espaços e ainda dão dicas de segurança para evitar prisões ou roubos.
Sexo casual ao ar livre não é uma prática exclusiva do público gay. Casais hétero também buscam espaços públicos para o sexo e a prática é conhecida como dogging. No Reddit, por exemplo, há vários posts com dicas e recomendações para quem busca uma “aventura proibida”.
Redação com Uol
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