Por: Guilherme Levorato
A sessão da Comissão de Infraestrutura do Senado nesta terça-feira (27) foi palco de mais um episódio de hostilidade contra a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva. Diante de ataques e declarações consideradas ofensivas, Marina deixou a reunião após o senador Plínio Valério (PSDB-AM) recusar pedir desculpas por ofensas direcionadas a ela, relata a Folha de S. Paulo.
A tensão teve como estopim um comentário do senador amazonense, que tentou separar a pessoa da ministra: “Quero separar a mulher da ministra, porque a primeira merece respeito, a segunda, não”. Marina reagiu imediatamente e afirmou que só permaneceria se recebesse um pedido de desculpas. O senador se recusou a retratar-se, e ela então se retirou do plenário.
O episódio não foi isolado. Em março, durante audiência da CPI das ONGs, Plínio Valério já havia atacado Marina ao declarar: “imagine o que é tolerar a Marina 6 horas e 10 minutos sem enforcá-la?”. A fala foi amplamente rechaçada na época, inclusive pelo presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União Brasil-AP), que a classificou como “infeliz” e potencialmente estimuladora da violência. O repúdio se estendeu à bancada feminina, à primeira-dama Rosângela Silva, a Janja, e outras lideranças políticas.
Durante a sessão desta terça, o clima esquentou novamente quando o senador Marcos Rogério (PL-RO), presidente da comissão, sugeriu que a ministra deveria “se colocar no seu lugar”. A afirmação foi duramente criticada por parlamentares como a senadora Eliziane Gama (PSD-MA), que manifestaram solidariedade a Marina.
Vídeo: Uol/ Youtube
A ministra foi convidada para explicar a criação de uma unidade de conservação marinha na região da Margem Equatorial, no litoral norte do país, onde a Petrobras reivindica autorização para prospecção de petróleo. Segundo Marina, o processo de criação da área protegida é antigo e não tem como objetivo barrar a exploração. “[A unidade de conservação] não incide sobre os blocos de petróleo. E não foi inventado agora para inviabilizar a Margem Equatorial. Isso é um processo que vem desde 2005”, explicou, ao apresentar um histórico da proposta aos parlamentares.
Ela também ressaltou a complexidade técnica envolvida na prospecção na Margem Equatorial, cuja profundidade média chega a 5 mil metros: “o Ibama tem queimado todas as sobrancelhas porque essa é frente nova em uma região muito delicada”, afirmou. Marina ainda enfatizou que as atividades em curso não se referem à extração, mas apenas à fase exploratória.
No último dia 19, o Ibama aprovou a estrutura de resgate à fauna apresentada pela empresa no município de Oiapoque (AP), o que liberou a realização de um teste conhecido como avaliação prévia operacional. Esse é o último passo antes da decisão final sobre a concessão da licença para o poço exploratório.

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