“Esse tipo de tatuagem na córnea só é indicado por aqui em olhos que já não enxergam”, explica Leiser Franco, oftalmologista cooperado da Unimed Goiânia. “Quando realizado em olhos saudáveis, os riscos aumentam muito, podendo levar até à necessidade de um transplante de córnea”, completa o especialista.
De acordo com Franco, a ceratopigmentação é uma técnica que aplica pigmentos diretamente na córnea. “No Brasil, é autorizada apenas em casos médicos, para melhorar a estética de olhos que estão esbranquiçados devido a perda da visão”, afirma. Nesses casos, o objetivo é restaurar a estética ocular e ajudar na autoestima.
“É uma solução importante para quem perdeu a visão e também sofreu um impacto estético. Para esses pacientes, o procedimento pode ser um divisor de águas”, completa o médico.
A escolha de Maya, que está radicada em Londres, chama atenção por ser exclusivamente estética — e feita em olhos saudáveis. Especialistas alertam que ainda não há segurança suficiente para esse uso. A prática não é aprovada nem pela Anvisa, nem pelo Conselho Federal de Medicina.
Além de irreversível, a ceratopigmentação difere de outras intervenções como implantes de íris artificial ou lentes intraoculares coloridas, que podem ser removidas em caso de complicações. “No caso da tatuagem na córnea, não há como voltar atrás”, afirma o especialista.
Influência e repercussão
Aos 44 anos, Maya Massafera passa por um processo de transição de gênero e compartilha sua jornada com milhões de seguidores. Ao surgir com os “novos olhos”, ela dividiu opiniões na internet. Enquanto muitos elogiaram a mudança, outros demonstraram preocupação com a segurança da cirurgia.
“Tenho medo desses procedimentos e daqui a uns anos dar ruim, tipo cegueira”, escreveu uma internauta. “Não tinha opção de usar lente?”, questionou outro.
Enquanto parte do público se inspira nas transformações radicais de celebridades, o especialista pede cautela. Segundo o médico, ainda não há consenso sobre a segurança da ceratopigmentação em olhos saudáveis — e, por ora, no Brasil, o procedimento segue fora dos limites legais e éticos para fins estéticos.
Segundo o oftalmologista, estudos continuam sendo feitos. “Até que exista uma solução segura e aprovada, mudar a cor dos olhos continua sendo um desejo que pode custar muito mais do que se imagina”, conclui.
Redação com Gazeta web
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