Por Henrique Rodrigues
Durante seu depoimento como testemunha de defesa do almirante Almir Garnier Santos, no Supremo Tribunal Federal, nesta sexta-feira (23), o ex-ministro Aldo protagonizou um momento de ânimos exaltados ao tentar fazer ironias e gracejos diante do ministro Alexandre de Moraes do procurador-geral da República, Paulo Gonet, em plena audiência sobre a tentativa de golpe de Estado articulada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). A postura provocadora quase lhe rendeu voz de prisão por desacato, já que Moraes precisou o interromper e advertir que a oitiva não era palco para interpretações ou gracinhas, sinalizando que o comportamento poderia ter consequências legais imediatas.
Na manhã seguinte, neste sábado (24), em tom de revanche, Rebelo publicou vídeos nas redes sociais atacando diretamente o STF. Acusou a Corte de “legislar” e de “tomar gosto por arbitrar disputas” no Congresso Nacional, afirmando que os ministros agora escolhem “delegados e ministros”, em referência à atuação institucional do Judiciário. “É uma situação quase sem limite”, declarou. “Qual a função do Legislativo, se o Supremo legisla?”, questionou em outro trecho.
Aldo Rebelo, que militou por quatro décadas no PCdoB e ocupou postos estratégicos nos governos Lula e Dilma, incluindo os ministérios da Defesa, Ciência e Tecnologia, Esportes e a chefia da Secretaria de Assuntos Institucionais, abandonou completamente sua trajetória histórica à esquerda. Hoje atua como aliado político da extrema direita bolsonarista.
No julgamento em questão, ele prestou depoimento como testemunha de defesa do almirante Almir Garnier Santos, ex-comandante da Marinha no governo Bolsonaro e que teria participado de articulações golpistas colocando suas tropas à disposição do então presidente derrotado que não queria deixar o cargo. A tentativa de Rebelo de bancar o intérprete da língua portuguesa ao responder perguntas do advogado Demóstenes Torres escancarou seu novo papel: o de figura pública que repete o tom e as táticas do bolsonarismo, inclusive com confrontos institucionais e desacato ao Judiciário.
Redação C/ Revista Fórum