Em um evento que deveria celebrar as conquistas nas artes, o ator Giu Alles viu-se envolvido em uma cena desconcertante. Durante a Premiação da Associação Paulista de Críticos de Arte (APCA), realizada no dia 2 no Teatro Sérgio Cardoso, em São Paulo, uma situação constrangedora marcou o acontecimento. Giu denunciou ter sido alvo de racismo após ser solicitado a abrir sua bolsa em público, um pedido que, segundo ele, tinha conotações de desconfiança injusta.
“Me chamaram no palco para conferir se eu não havia levado o prêmio por engano. Fui forçado a mostrar que dentro da minha bolsa havia apenas itens pessoais como meu celular”, compartilhou Giu Alles, visivelmente abalado. Essa intervenção não apenas interrompeu a celebração, mas expôs o ator a uma revista inesperada e inapropriada diante de um público reunido para uma celebração cultural.
Quais foram os desdobramentos da denúncia de Giu Alles?
Após o incidente, a Companhia de Teatro Antropofágica, da qual Giu faz parte e que foi premiada naquela noite, expressou indignação. Uma colega de elenco ressaltou a dificuldade de pessoas negras conquistarem reconhecimento e espaço em territórios tradicionalmente dominados por outros grupos. “O que aconteceu hoje reflete as barreiras que ainda enfrentamos cotidianamente”, comentou.
Em resposta às acusações, a APCA foi rápida em se defender. Negaram que o ato de revista tivesse sido uma prática endossada pela organização e explicaram que o toque sobre a bolsa de Giu foi uma abordagem mal interpretada relacionada ao caráter cenográfico do troféu entregue temporariamente durante a cerimônia.
A associação também enfatizou seu compromisso histórico contra o preconceito e o racismo, afirmando em nota que lutam por igualdade há décadas. No entanto, reconheceram que a situação gerou desconforto e pediram desculpas pelo que chamaram de “ruído na comunicação”.
Impacto do episódio para a comunidade artística
A denúncia de Giu Alles trouxe à tona discussões essenciais sobre a existência de práticas discriminatórias mesmo em ambientes que deveriam promover a inclusão e a igualdade. Esse episódio reacende a discussão sobre como as instituições e eventos culturais podem inadvertidamente perpetuar discriminações, mesmo quando possuem políticas contrárias a tais comportamentos.
A comunidade artística e o público em geral estão agora mais atentos e exigentes quanto à forma como eventos desse porte são gerenciados, esperando atitudes mais afirmativas e inclusivas por parte das organizações culturais. O episódio deixou claro que ainda há muito trabalho pela frente na luta contra o racismo, e que cada incidente, por menor que seja, tem poder para redefinir práticas e comportamentos em toda a sociedade.
*Redação com o Antagonista