Anadia/AL

15 de maio de 2025

Anadia/AL, 15 de maio de 2025

Bolsonaro se recusou a falar em meio ao 8/1: “então ele vai se fod*”, disse Paulo Figueiredo a Cid

Neto do ditador João Baptista Figueiredo e braço direito de Eduardo Bolsonaro nos EUA, Paulo Figueredo mostra desespero, prevê prisão de Cid e pede, "pelo amor de Deus", que Bolsonaro se pronuncie: "Vai ter gente morta".

ABN - Alagoas Brasil Noticias

Em 15 de maio de 2025

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Paulo Figueiredo e Jair Bolsonaro. Créditos: Reprodução / Youtube

Por Plinio Teodoro

Um troca de mensagens entre Paulo Figueiredo, neto do ditador João Baptista Figueiredo e braço direito de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos EUA, e o tenente-coronel Mauro Cid, que estava com Jair Bolsonaro (PL) em Miami, revelada nesta quinta-feira (15) pelo portal Uol mostra que o ex-presidente se recusou a se pronunciar para desmobilizar apoiadores em meio ao quebra-quebra do dia 8 de janeiro de 2023.

Às 16h35, quando os bolsonaristas depredavam Congresso, Palácio do Planalto e o edifício sede do Supremo Tribunal Federal (STF), Figueiredo enviou uma mensagem para Cid: “o presidente Bolsonaro precisa se manifestar contra isso AGORA”, em letras garrafais.

“Pelo amor de Deus. Eu estou no ar na Jovem Pan”, emendou Figueiredo.

Onze minutos depois, Cid responde. “Não vai [se manifestar]… Acabei de falar com ele”, afirmou o ex-ajudante de ordens, mostrando que Bolsonaro estava ciente de tudo o que acontecia em Brasília. “Isso já deixou de ser por ele”, continuou.

No mesmo minuto, Figueiredo retornou: “então ele vai se foder”. “O povo não aguenta mais tanta arbitrariedade”, reagiu Cid.

Figueiredo então retorna dizendo que “não vem nada de bom disso”. Na troca intensa de mensagens, às 16h47, Cid afirma que “a panela de pressão estoura”, provavelmente repercutindo a conversa com Bolsonaro.

Em pânico, Figueiredo emenda outras três mensagens. “Vai ter gente morta. Assim como a polícia do Capitólio ajudou no 6 de janeiro. Casa, esses fdps acabaram de destruir a direita brasileira”.

Cid, então, responde: “é diferente… bem diferente”.

Inconformado, Figueiredo responde em caixa alta – como se estivesse gritando – e faz um prenúncio do que aconteceria com o militar. “PUTA QUE PARIU”, afirmou, para em seguida alertar: “Você vai ver o quão diferente quando estiver preso”.

“Eu concordo com você… mas é um povo desesperado”, reage Cid, que mira Figueiredo sobre uma suposta perseguição à época. “Olha o que fizeram com você. Isso deveria ser inaceitável em qualquer país do mundo”.

“Claro. Essas pessoas estão lá por mim também, mas estão me atrapalhando. Na verdade estão nos fodendo”, escreveu Figueiredo. “Eu sei… a repressão aumenta. E vão atrás do PR”, respondeu Cid, já adiantando que Bolsonaro sabia que seria responsabilizado.

“O presidente precisa condenar isso urgente, cara. O Trump se fodeu porque demorou um pouco a fazê-lo”, segue Figueiredo, mostrando desespero.

Cid, então, envia um vídeo da ação dos bolsonaristas depredando tudo e escreve: “passou dos limites”. Na última mensagem, às 18h46, o militar envia o link de uma reportagem do site Antagonista dizendo que o “governo Lula já estuda decretar GLO para conter manifestantes”.

No entanto, a especulação disseminada pelo site bolsonarista não se concretizou e Lula não decretou a Garantia da Lei e da Ordem (GLO), que colocaria os militares no comando da situação.

Bolsonaro só viria a se expressar, via redes sociais, às 21h17, quando a situação já estava controlada e a tentativa de golpe reprimida. “Manifestações pacíficas, na forma da lei, fazem parte da democracia. Contudo, depredações e invasões de prédios públicos como ocorridos no dia de hoje, assim como os praticados pela esquerda em 2013 e 2017, fogem à regra”, escreveu o ex-presidente, tentando se eximir de quaisquer responsabilidades.

Veja o diálogo divulgado pelo portal Uol.

Redação com Revista Fórum

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