Um tipo de câncer  mais comum entre mulheres, o câncer de mama não é uma doença exclusivamente feminina, homens também podem ser acometidos por essa patologia, ainda que neles ela seja considerada incomum.

De acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), os casos masculinos da doença representam de 0,5 a 1% de todos os casos de câncer de mama registrados e representam menos de 0,5% de todos os cânceres do sexo masculino. A doença atinge, em sua maioria, homens entre 60 e 70 anos de idade.

Ainda segundo o INCA, em 2020, foram registrados 207 óbitos de homens com câncer de mama no Brasil. Há uma previsão de que 704 mil casos de novos cânceres são esperados no Brasil ao longo do próximo triênio (2023-2025), podendo atingir majoritariamente as regiões Sul e Sudeste, responsáveis por concentrarem cerca de 70% da incidência.

Já a Organização Mundial da Saúde (OMS) estimou cerca de 2,3 milhões de casos novos de câncer de mama para ambos os sexos em todo o mundo, (menos de 23.000 casos em homens).

Assim como no câncer de mama em mulheres, esse tumor se origina de uma célula da mama que se divide de maneira desordenada, tornando o tumor capaz de invadir órgãos próximos ou distantes da mama.

Em entrevista ao Cada Minuto, a médica mastologista Francisca Beltrão, ela esclarece sobre os fatores de risco, tratamento e como o câncer de mama ocorre em homens.

Confira a entrevista:

Quais os fatores de risco do câncer de mama em homens? De que forma  a doença  ocorre?

Os fatores de risco são: Idade – envelhecimento; exposição à radiação ionizante na área do tórax;  uso de estrogênio ou de hormônios similares; síndrome de klinefelter (condição genética em que um homem nasce com uma cópia extra do cromossomo X); história familiar de câncer de mama; mutação genética no gene BRCA2; ingestão de bebida alcoólica; obesidade; doenças hepáticas que interfiram no metabolismo de alguns hormônios, entre outros.

A médica mastologista Francisca Beltrão / Foto: Arquivo Pessoal

Quais os sintomas do câncer de mama em homens?

Os sintomas são iguais aos do câncer de mama na mulher. O câncer de mama em homem pode não dar sintomas, mas quando apresenta pode ser na forma de nódulo palpável, espessamento no tórax (área endurecida), mamilo retraído, alteração na pele ao redor do mamilo, retração da pele do tórax ou abaulamento.

Como ocorre o diagnóstico? Os homens chegam a fazer tomografia?

Diagnóstico no homem se dá pelos mesmos exames que usamos na mulher: exame físico, exames de imagem (geralmente mamografia e ultrassonografia) e a biópsia da região alterada (anatomopatológico).

Qual o tratamento para o câncer de mama em homens e como ele ocorre?

O tratamento vai depender do estágio em que a doença foi diagnosticada. Inclui a cirurgia obrigatoriamente. Radioterapia e quimioterapia a depender do estágio.

Há casos em que a mastectomia é necessária? De que forma ela ocorre?

Sim. Na maioria dos casos faz necessária a retirada completa da mama (mastectomia), visto que a glândula mamária masculina é muito pequena. Da mesma forma que a mastectomia na mulher.

Quais são as formas de prevenção?

Modificar os fatores de risco evitáveis: controle do peso, não fumar, não ingerir bebida alcoólica, não usar hormônios sem prescrição médica de especialista. Se possuir mutação genética, fazer avaliação com geneticista e mastologista. Lembrando que prevenção é diminuir o risco. Anular o risco não é possível

É possível identificar a doença por meio de teste genético?

O teste genético não faz o diagnóstico de câncer, mas de uma alteração (mutação) que pode aumentar a probabilidade de ter o câncer. Ter uma mutação não significa que obrigatoriamente você terá o câncer de mama, mas sim que tem uma chance maior e que deve ser avaliado por equipe multidisciplinar para adotar medidas que possam diminuir esse risco.

Em caso de suspeita, qual o momento em que o homem deve procurar um médico?

Imediatamente. Na percepção de qualquer mudança na glândula mamária masculina, o homem deve procurar a mastologista.

Redação com Cada Minuto