Anadia/AL

30 de setembro de 2025

Anadia/AL, 30 de setembro de 2025

Chantagem e política fiscal: como o Centrão e Arthur Lira travam a isenção do IR para milhões brasileiros

Não se trata mais de política, mas de um jogo bruto de pressão e barganha que distorce a governabilidade - 16h30

ABN - Alagoas Brasil Noticias

Em 30 de setembro de 2025

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Artur Lira e Lula - (Foto: Ricardo Stuckert/PR)


A política brasileira sempre envolveu negociações intensas entre Executivo e Legislativo. Deputados e senadores, individualmente ou em grupos, têm o direito de reivindicar espaço no governo ou obstruir votações de interesse do Executivo. Essa dinâmica faz parte do jogo democrático e da atuação das minorias no Parlamento.

No entanto, o Centrão — conglomerado de parlamentares de diversos partidos — transformou essa prática em uma espécie de chantagem institucional. Nas últimas décadas, o grupo passou a controlar nomeações para ministérios, direções de empresas estatais e bancos públicos, utilizando essas indicações como instrumento de poder para dominar governos. Não se trata mais de política, mas de um jogo bruto de pressão e barganha que distorce a governabilidade.

A disputa pela isenção do Imposto de Renda

O caso mais recente ilustra essa realidade. O projeto de isenção do Imposto de Renda para quem recebe até R$ 5 mil mensais (PL 1.087/2025) e redução da alíquota para quem ganha até R$ 7.350 busca beneficiar diretamente cerca de 10 milhões de brasileiros, enquanto mais 5 a 6 milhões ganhando acima desse teto receberiam benefícios parciais. Somando-se a mudanças de 2023 e 2024, o total de pessoas beneficiadas chega a 20 milhões, representando significativa redução da carga tributária para a população de menor renda e maior justiça fiscal.

Apesar do impacto social positivo, o projeto tem sido obstruído na Câmara, e o senador Renan Calheiros (MDB-AL) denunciou que a demora na votação se configura como chantagem política, com tentativas de condicionar a aprovação da isenção à apreciação de outras pautas controversas, como projetos de anistia para envolvidos em ataques à democracia.

Em contraponto, o ex-presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), nega que o projeto seja moeda de troca, afirmando que a pauta é prioridade do governo e do Congresso e que não está vinculada a outras medidas.

Modus operandi do Centrão

A atuação de Lira, do senador Ciro Nogueira e do Centrão, no entanto, evidencia um padrão conhecido: usar pautas econômicas sensíveis para ganhos políticos, enquanto o debate sobre transparência e interesse público fica em segundo plano. A “mão de gato” do grupo, segundo críticos, visa proteger os muito ricos e super-ricos, mantendo privilégios fiscais, enquanto impede avanços que beneficiem a maioria da população.

O episódio demonstra como a política fiscal no Brasil pode ser instrumentalizada para interesses privados, travando medidas que teriam impacto direto sobre milhões de brasileiros. A disputa em torno da isenção do IR não é apenas sobre tributos: é uma batalha pelo direito da população de menor renda receber alívio fiscal real, diante de um Congresso que, muitas vezes, se comporta como árbitro dos milionários e bilionários em detrimento do interesse público.

Fonte: 082 Notícias

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