Por Julinho Bittencourt
A investida do deputado federal licenciado Eduardo Bolsonaro (PL-SP) nos Estados Unidos contra o ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), tem causado apreensão em parte do próprio bolsonarismo. Enquanto o parlamentar tenta articular sanções internacionais ao magistrado, aliados ouvidos pelo Painel, da Folha, demonstram receio de que o movimento acirre tensões institucionais e acabe prejudicando o campo conservador no Brasil.
Nos bastidores, interlocutores do ex-presidente Jair Bolsonaro consideram compreensível o esforço do filho em defender o pai, alvo de investigações conduzidas por Moraes. No entanto, há quem avalie que a ofensiva internacional pode ter efeitos colaterais. Um aliado descreveu a estratégia como “cutucar o leão com vara curta”, alertando que Eduardo estaria elevando o conflito a um nível perigoso, com risco de deterioração das relações diplomáticas entre Brasil e Estados Unidos.
Outro interlocutor teme que os ataques ao ministro resultem em um movimento de solidariedade dentro do STF, inclusive entre magistrados que costumam divergir de Moraes. A avaliação é de que uma reação em bloco da Corte, em nome do corporativismo, poderia intensificar o que já é percebido por bolsonaristas como perseguição institucional.
Fortalecer a direita
Apesar das críticas, nem todos compartilham da cautela. Há quem acredite que uma eventual retaliação do Supremo, caso o governo americano avance em restrições a Moraes, pode fortalecer a direita ao reforçar a narrativa de cerceamento de liberdades e censura judicial.
O debate entre os aliados ganhou força após o anúncio do governo Donald Trump, na última quarta-feira (28), de que pretende restringir vistos para estrangeiros envolvidos em censura a empresas ou cidadãos americanos. A medida pode atingir diretamente Moraes, que, em fevereiro deste ano, determinou a suspensão da plataforma de vídeos Rumble no Brasil, após o descumprimento de ordens judiciais.
Até o momento, o STF não se manifestou oficialmente sobre o tema, e Eduardo Bolsonaro segue articulando ações internacionais com foco no Judiciário brasileiro. Internamente, porém, a movimentação expôs fissuras dentro do bolsonarismo, entre os que veem a escalada como necessária e os que temem um efeito bumerangue.
Redação com Revista Fórum
