A queda da família Assad, cujo pai Hafez e depois o filho Bashar governaram a Síria com mão de ferro por meio século, é um golpe para o Irã, que investiu política, financeira e militarmente no país, mas agora vê seus interesses ameaçados. Durante décadas, a Síria foi um aliado próximo de Teerã e a pedra fundamental da ponte terrestre entre o Irã e o Hezbollah, o membro forte de seu “eixo de resistência” anti-Israel, através do qual armas e combatentes podiam passar.
“Imaginar que quando a resistência é enfraquecida, o Irã islâmico também é enfraquecido é não conhecer o significado de resistência” e “ignorância”, declarou o aiatolá Ali Khamenei, que está no poder desde 1989. Esse foi seu primeiro comentário desde a mudança de regime na Síria, quando uma coalizão de rebeldes e islamistas assumiu o poder em Damasco no domingo (8).
“Não há dúvida de que o que aconteceu na Síria é o resultado de uma conspiração dos Estados Unidos e (de Israel)”, acusa Khamenei, que tem a palavra final sobre todas as decisões estratégicas no Irã. “Um governo vizinho da Síria desempenhou um papel óbvio nesse caso”, acrescentou o líder iraniano, se referindo à participação de Israel.
Temor de retorno dos jihadistas libertados à França e à Tunísia
Na Síria, o principal líder rebelde prometeu não envolver o país em uma nova guerra após a saída de Bashar al-Assad. Apesar disso, algumas nações observam a nova situação com cautela. Há uma preocupação crescente com o possível retorno de jihadistas à França e à Tunísia, por exemplo.
O debate sobre os refugiados sírios na Europa ressurgiu quase que imediatamente após a queda de Assad. Na segunda-feira (9), vários países europeus anunciaram que estavam suspendendo a análise dos pedidos de asilo de sírios. A Áustria foi ainda mais longe, anunciando “um programa de repatriação e deportação para a Síria”.
Alguns islamistas franceses foram libertados da prisão na Síria nos últimos dias. Acredita-se que mais de 100 estejam presentes no país, mas é difícil obter números exatos.
Esses jihadistas franceses podem representar uma ameaça para a França, como afirma Adel Bakawan, pesquisador associado do Instituto Francês de Relações Internacionais (Ifri) e especialista em Oriente Médio, em entrevista à RFI. “A ameaça existe e é real. No momento, essa ameaça está sob controle. As autoridades francesas têm um conhecimento muito preciso de seus perfis e trajetórias. Entre os curdos, há jihadistas franceses na prisão. Mas com esses jihadistas liberados da prisão, sim, a ameaça existe”, afirma o especialista.
Há muitas ameaças, como “voltar para casa, organizar ataques, se vingar. Em algum momento, eles vão olhar para seus países. E para eles, seus países são a Alemanha, a França, a Inglaterra e assim por diante. Esses são países com os quais eles continuam em guerra”, diz o pesquisador.
Fonte: RFI
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