Por Ivan Longo
O deputado federal Lindbergh Farias (PT-RJ) entregou à Polícia Federal nesta segunda-feira (2) um extenso dossiê com provas que, segundo ele, evidenciam a atuação criminosa de Eduardo Bolsonaro (PL-SP) a partir dos Estados Unidos. A petição, protocolada no inquérito 4.995 do Supremo Tribunal Federal (STF), traz um arsenal de evidências — vídeos, prints, documentos oficiais e declarações públicas — que sustentam pedidos de indiciamento por seis crimes distintos, entre eles coação no curso do processo, organização criminosa e atentado à soberania nacional.
A investigação apura se Eduardo, licenciado do mandato, estaria promovendo uma campanha para enfraquecer o STF, interferir em julgamentos contra Jair Bolsonaro e influenciar parlamentares estrangeiros a imporem sanções contra autoridades brasileiras.
Lindbergh foi o responsável pela ação contra Eduardo Bolsonaro que culminou na abertura de inquérito contra o filho do ex-presidente. O petista, além de entregar o dossiê à PF, prestou depoimento nesta segunda.
As principais acusações
O documento entregue por Lindbergh pede o indiciamento formal de Eduardo Bolsonaro por:
Coação no curso do processo (art. 344 do Código Penal)
Obstrução de justiça (art. 2º, §1º da Lei das Organizações Criminosas)
Abolição violenta do Estado Democrático de Direito (art. 359-L do Código Penal)
Organização criminosa (art. 2º da Lei nº 12.850/2013)
Atentado à soberania nacional (art. 359-I do Código Penal)
Atentado à liberdade de magistrado (art. 36 do Decreto-Lei nº 4.766/1942)
666 ataques documentados e campanha internacional contra o STF
A peça jurídica apresenta 666 registros de publicações em texto e vídeo de Eduardo Bolsonaro, muitos deles com ataques explícitos ao ministro Alexandre de Moraes, à Polícia Federal, ao procurador-geral da República e ao STF.
Além das postagens, o dossiê revela que Eduardo realizou múltiplas reuniões com congressistas norte-americanos da extrema-direita, incluindo Jim Jordan, Maria Salazar, Cory Mills, Mike Lee e Rick Scott. Nessas reuniões, discutiu-se sanções pessoais contra Moraes e outras autoridades brasileiras, incluindo bloqueio de bens, cancelamento de vistos e censura diplomática.
O elo com Jair Bolsonaro
Segundo Lindbergh, a permanência de Eduardo nos EUA está sendo financiada com recursos levantados por Jair Bolsonaro via Pix, com doações supostamente destinadas a pagar multas e custas judiciais. O próprio ex-presidente admitiu que parte do dinheiro serve para sustentar o filho no exterior.
“É uma operação internacional de sabotagem institucional financiada por Jair Bolsonaro e executada por Eduardo com apoio de aliados”, diz Lindbergh na peça.
O deputado pede bloqueio imediato das contas de Jair Bolsonaro, quebra de sigilo bancário dos envolvidos, e suspensão do passaporte diplomático de Eduardo, além da comunicação ao COAF sobre as movimentações financeiras.
“Guerra híbrida” contra o Estado brasileiro
A petição argumenta que a atuação de Eduardo configura uma “guerra híbrida” — conceito usado por organizações como OTAN e ONU para descrever formas modernas de agressão estatal sem uso de força militar direta, como sanções, campanhas de desinformação, ataques diplomáticos e lawfare.
Entenda o que está em jogo
Para o líder do PT, Eduardo atua como braço externo da organização criminosa que tentou o golpe de Estado de 8 de janeiro de 2023. A articulação, segundo o dossiê, teria migrado das ruas para gabinetes no Capitólio norte-americano, em reuniões com congressistas alinhados à agenda bolsonarista.
Além de Eduardo, o documento também aponta Felipe Barros, Paulo Figueiredo e o próprio Jair Bolsonaro como coautores da ofensiva internacional.
A próxima etapa
O Supremo Tribunal Federal já levantou o sigilo do inquérito. A expectativa agora é de que a PGR avalie os pedidos cautelares, incluindo medidas para interromper o fluxo financeiro internacional, e que a PF avance com novas diligências, que podem incluir cooperação com o FBI.
Redação C/ Revista Fórum
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