Dois fatores principais contribuíram para o adiamento. O primeiro está relacionado à necessidade de realizar análises mais aprofundadas que estabeleçam uma conexão clara entre a minuta golpista, elaborada por aliados de Jair Bolsonaro (PL), e a invasão das sedes dos Três Poderes em 8 de janeiro de 2023. A minuta era um rascunho de decreto que previa a intervenção no Tribunal Superior Eleitoral (TSE) para contestar o resultado das eleições de 2022, uma medida alinhada à tese de fraude defendida por Bolsonaro durante sua campanha.
Além disso, novos depoimentos serão tomados nas próximas semanas, o que exigirá mais tempo para que o inquérito seja fechado de maneira robusta e conclusiva.
O segundo motivo do adiamento é político. Mesmo que a PF encerrasse a investigação antes do final de setembro, a Procuradoria-Geral da República (PGR) já indicou, nos bastidores, que não vai denunciar Bolsonaro ou seus aliados antes das eleições municipais. A PGR quer evitar que o Ministério Público seja acusado de agir com motivações políticas durante o período eleitoral. A PF, por sua vez, decidiu não correr o risco de sustentar sozinha uma série de indiciamentos, especialmente envolvendo Bolsonaro, em pleno período eleitoral.
A investigação já revelou que Bolsonaro tinha conhecimento da minuta golpista e até sugeriu mudanças no texto, como a exclusão de nomes de alguns alvos, como o ministro do Supremo Tribunal Federal Gilmar Mendes e o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco. Contudo, manteve a previsão de prisão do ministro Alexandre de Moraes, visto como inimigo pela base bolsonarista.
Apesar do atraso na conclusão do inquérito, a PF acredita que Bolsonaro pode ser condenado pelo Supremo Tribunal Federal até o final deste ano, com um desfecho previsto para dezembro. Contudo, o cronograma da PGR, que difere do da PF, será determinante para o andamento das acusações.
Redação com Brasil 247