Anadia/AL

6 de outubro de 2025

Anadia/AL, 6 de outubro de 2025

Bebida foi batizada com metanol para “transformar uma garrafa em duas”, diz Padilha

Ministro da Saúde, Alexandre Padilha afirma ainda que governo Lula importou fomepizol, medicamento de uso raro e que atua como antídoto dos casos de intoxicação por metanol - 17h18min.

ABN - Alagoas Brasil Noticias

Em 6 de outubro de 2025

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Ministro da Saúde, Alexandre Padilha - Foto: Reprodução - © Instagram

Por Letícia Cotta

O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, explicou que a contaminação por metanol nas bebidas alcoólicas teria ocorrido no pós produção, e revelou que o antídoto importado, chamado fomepizol, deve chegar nesta semana, durante entrevista à TV Fórum nesta segunda-feira (6).

Padilha explicou que tudo indica que a adulteração ocorre após a produção, o que dificulta a retirada preventiva dos lotes. “Quando o crime acontece na produção, é possível rastrear o lote e retirar de circulação. Mas, neste caso, tudo sugere que a adulteração é posterior”, afirmou, ressaltando que o objetivo dos criminosos é “transformar uma garrafa em duas”.

Ele destacou ainda que o governo já garantiu o estoque de antídoto contra o metanol, após uma operação emergencial de compra. Foram adquiridas doses de etanol farmacêutico e fomepizol, medicamento de uso raro que precisou ser importado com apoio da Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).

O antídoto será distribuído em centros regionais de referência espalhados pelo país, com nove unidades em São Paulo.

As vigilâncias sanitárias seguem realizando visitas e apreensões de bebidas suspeitas em bares, mercados e distribuidoras. Em alguns casos, as polícias civil e federal têm feito o encaminhamento e a destruição das garrafas apreendidas, após os testes laboratoriais.

Sanções, Trump e Lula

Padilha também respondeu sobre a conversa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) com o presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, a respeito das sanções sofridas pelo país, por ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e figuras públicas, como ele próprio e sua família, que foram impedidos de renovar vistos.

Ele destacou que as medidas dos EUA tiveram o efeito contrário ao pretendido, dando ainda mais visibilidade internacional ao Brasil, minutos antes de ser divulgada que a conversa de Lula e Trump havia sido feita nesta segunda.

“Eu sempre vejo o diálogo e a negociação como algo positivo. O que fizeram comigo foi um tiro pela culatra, porque conseguimos ter mais visibilidade ainda no evento da Opas”, afirmou o ministro, em referência à Organização Pan-Americana da Saúde (Opas).

Padilha disse que, após o episódio, recebeu solidariedade de colegas e ministros de outros países, e que a intervenção brasileira ganhou destaque durante a conferência internacional. “Vários colegas entraram em contato conosco. A intervenção teve uma visibilidade ainda maior no plenário, e vamos continuar fazendo as agendas com a Opas. Esta semana irei para outras agendas, na Europa e na China, fortalecendo nossas parcerias”, completou.

O ministro também destacou que o Brasil continuará diversificando parcerias internacionais e reduzindo a dependência econômica e tecnológica de qualquer país específico.

“O Brasil vai continuar fazendo investimentos em relação à dependência de qualquer país. Aos poucos, os congressistas e eventualmente o próprio governo americano vão ver que é um erro cortar contato com as cadeias de produção com o Brasil. Somos o segundo maior país do continente americano e temos um mercado muito importante”, declarou.

Padilha lembrou que o país preside três organizações internacionais na área da saúde, além de liderar negociações no Mercosul e em outros blocos multilaterais. “Estamos presidindo o Mercosul neste momento, avançando no acordo Mercosul-União Europeia, presidindo a parceria estratégica do BRICS de insumos na área da Saúde e a coalizão do G20”, disse.

O ministro também afirmou que as medidas impostas pelos Estados Unidos têm impacto econômico negativo para os próprios norte-americanos, citando o aumento de preços de produtos no país. “Os produtos nos EUA estão ficando mais caros. É o efeito direto dessas medidas equivocadas”, concluiu Padilha.

A quantidade de casos

Padilha informou que o Ministério da Saúde confirmou dois casos de intoxicação por bebidas adulteradas no Paraná e reforçou a orientação para que profissionais de saúde notifiquem imediatamente qualquer suspeita de envenenamento. A recomendação do ministério é que toda suspeita seja registrada como caso provável, o que agiliza o acompanhamento e a investigação dos surtos.

Em São Paulo, há 192 casos registrados, totalizando 225 notificações, das quais 14 foram confirmadas e 181 permanecem sob investigação. Segundo o ministro, os dados estão sendo compartilhados com as polícias civil e federal, que deverão apurar se há conexão entre os episódios ou se se trata de ações criminosas isoladas.

“Essas informações da polícia vão poder esclarecer melhor se é uma ação disseminada no país, se é uma organização só ou organizações diferentes”, afirmou Padilha.

O Ministério da Saúde também monitora 15 óbitos possivelmente relacionados à intoxicação por metanol, sendo dois em São Paulo e 13 ainda em investigação.

Redação com Revista Fórum

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