Por Henrique Rocrigues
A demissão do jornalista Rodrigo Bocardi, da TV Globo, anunciada na noite de quinta-feira (30), pegou todo mundo de surpresa. Na emissora desde 1999, ele era há mais de uma década o âncora do Bom Dia São Paulo e participava também do rodízio de fim de semana dos apresentadores do Jornal Nacional. A justificativa oficial e sucinta da empresa foi a de que Bocardi “descumpriu normas éticas do jornalismo”.
Nas primeiras horas desta sexta (31) já vazavam as primeiras pistas sobre o que realmente teria acontecido. De acordo com colunistas especializados em cobertura da mídia de vários veículos, o veterano e conhecido jornalista teria prestado serviços de comunicação para prefeituras de cidades da região metropolitana de São Paulo, dado treinamento para políticos em período eleitoral (o chamado media training) e também teria “vendido” pautas positivas para essas administrações públicas, algo altamente condenável no meio jornalístico.
No entanto, uma coisa não havia surgido até então: como a Globo chegou a essas informações para na sequência instaurar uma investigação no setor de compliance, que culminou com a demissão de Bocardi?
Segundo o colunista Gabriel Vaquer, da Outro Canal, publicada pela Folha de S. Paulo, toda a história começou com algo sem nenhuma relação com os fatos mencionados acima. Em setembro do ano passado, um profissional da equipe do Bom Dia São Paulo teria procurado o compliance da Globo para acusar Bocardi de assédio moral. O teor exato da acusação não foi revelado.
O suposto assédio moral teria ocorrido em várias acusações, segundo o denunciante, entre os anos de 2022 e 2024 e uma segunda pessoa da produção também foi ao setor contar que sofria com o mesmo problema. A investigação interna foi então aberta pelo setor responsável e nada em relação a isso foi descoberto ou provado. Ou seja, o caso não se sustentava e não haveria punições.
O problema é que, durante essa profunda investigação, inúmeras pessoas de várias funções diferentes da redação e produção do Bom Dia São Paulo foram ouvidas. Elas não sabiam nada sobre os tais casos de assédio moral, mas sabiam outras coisas. Foi aí que surgiram as primeiras informações de que Bocardi estaria exercendo atividades proibidas pela Globo e supostamente se aventurando em ações remuneradas fora da emissora.
Nos três meses seguintes, munidos desses dados, os profissionais do compliance da empresa conseguiram algumas provas de que o jornalista estaria exercendo as atividades referidas anteriormente, sugerindo à direção que ele deveria ser demitido por isso.
Revista Fórum
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