Enfim, em casa. O grupo dos trabalhadores alagoanos que passou duas semanas em situação precária numa fazenda de café no Espírito Santo, em condições análogas à escravidão, está de volta ao estado de origem. Eles chegaram na cidade de Penedo na madrugada desta sexta-feira (17) após viagem de van e já estão com familiares.
Os 12 trabalhadores foram resgatados dias após um vídeo gravado pelo grupo para denunciar as condições precárias na fazenda na cidade de Brejetuba. Por conta disso, houve mobilização da Polícia e do Ministério Público do Trabalho em busca do retorno das vítimas.
“Nós viemos pelo trabalho escravo que estávamos sofrendo lá. Passamos cinco dias dormindo no chão, sem saneamento básico, sem tratamento de água, enfrentando mordida de mosquito, e sob cárcere privado”, disse Stephano Júlio, uma das vítimas.
A cozinheira Wagna Silva que foi uma das primeiras a denunciar a situação se emocionou ao pisar no território alagoano. Ela deu detalhes dos dias de sofrimento e do acordo que não foi cumprido pelo contratante, que os deixou com dificuldades.
“Espero que ninguém nessa vida tenha que passar pelo que a gente passou. Porque é deprimente você estar num lugar que não quer mais ficar. E você não poder ir embora, não ter o direito de ir e vir. Eu me segurei bastante, porque os meninos choravam e eu tive que consolá-los, porque sou mãe, né? Me coloquei no lugar da mãe deles”, afirmou Wagna Silva, outra trabalhadora.
“A gente não passou fome, mas tudo que era comprado tinha que ser colocado em cima da conta que tínhamos. No começo, o carro era 6 mil reais, e depois foi para 8 mil reais. E tudo que foi comprado, EPI, comida, tudo, tinha que ser em cima da conta. Até o transporte tínhamos que pagar”, complementou.
Os trabalhadores deixaram o Espírito Santo na noite de quarta-feira (15). A viagem foi monitorada pelo Ministério Público do Trabalho em Alagoas (MPT/AL), e a Polícia Federal e o MPT do Espírito Santo também foram acionados.
Fonte: TNH1